Açúcar: Doce Vilão

A impressão que se tem é que o açúcar esteve em nossa mesa desde sempre não é mesmo? Mas acredite! Sobrevivemos sem seu adorável sabor doce até o Século XVII. Antes disso ele tinha status de especiaria e era considerado artigo de luxo. Já nascemos com a predisposição aos sabores doces, salgado e amargo, mas não conhecemos o sabor deles. Quando a mãe ou cuidadora oferece sistematicamente algo com estes sabores, a criança acostuma-se à eles tornando-se um hábito. Logo, o vício pelo açúcar se estabelece pela cultura familiar e não pela necessidade nutricional e segue pela vida à fora.

O açúcar é um carboidrato que está presente em diversos alimentos com uma composição bioquímica diferente, por exemplo, nas frutas como frutose, na cana-de- açúcar como sacarose e no leite como lactose. É dos carboidratos que provém a glicose que é nossa principal fonte de energia para realização de atividades diárias e funções fisiológicas como renovação e manutenção de células e tecidos. Eles quando em seu estado natural são considerados complexos por conterem fibras, vitaminas e minerais e são lentamente metabolizados, liberando gradualmente a glicose na corrente sanguínea. Quando passam pelo processo de refinamento, perdem essas propriedades nutricionais tornando-se simples e ao serem consumidos geram picos de insulina, elevando rapidamente os níveis de glicose na corrente sanguínea. Esta quando não utilizada prontamente é armazenada em forma de gordura no fígado e no tecido adiposo para utilização futura.

O açúcar refinado é um carboidrato simples e vem se estabelecendo como um dos vilões da saúde por oferecer ao organismo “calorias vazias”, já que não apresenta nenhum nutriente além de energia. Mas não falamos apenas do açúcar utilizado declaradamente, mas do açúcar camuflado com outras denominações como xarope de milho, maltodextrina, frutose, dextrose utilizados em alimentos processados como os pré-prontos, biscoitos, sucos, chocolates, refrigerantes, balas, molhos, entre tantos outros. Esses tem colaborado significativamente para o quadro atual de dieta hipercalórica e pobre em nutrientes. A quantidade de carboidrato na dieta de uma pessoa que regularmente ingere alimentos processados acaba excedendo a preconizada como sendo ideal, oportunizando diversos comprometimentos metabólicos como obesidade, diabetes, entre outras. Assim sendo verificar a tabela nutricional nos rótulos é fundamental pois, muitas vezes, nem imaginamos as elevadas quantidades de açúcar e outros componentes que estão contidos nos alimentos que ingerimos.

Entretanto é possível mudar o panorama atual com algumas mudanças na rotina alimentar. E dar preferência aos carboidratos na sua forma integral e natural é uma estratégia significativa pois resultará num equilíbrio nutricional mais adequado na sua dieta. Pense…. a relatividade do tempo mais uma vez se verifica uma realidade! Pois você irá precisar um pouco mais desse precioso componente da vida que é o tempo para fazer um prato com ingredientes na sua forma natural, mas irá recuperá-lo, com certeza, tendo uma qualidade de vida melhor!

Texto publicado no caderno Viver com Saúde (Jornal NH) no dia 17-04-2017.