Balança ou Balanço Interno? – Matéria que saiu no Caderno Especial Viver com Saúde – Jornal NH – Segunda 29.04.2019

Quantas pessoas à sua volta tem uma preocupação excessiva com a aparência? É claro que é importante sentir-se bem e feliz em relação ao que vemos no espelho! O problema é que muitas iniciam verdadeiras epopeias na busca pela imagem idealizada, em grande parte pelos outros, sem maiores reflexões sobre o custo à sua saúde. Passam a ser suas próprias cobaias, testando tudo o que surge ou indicam com a promessa de que atinjam esse objetivo no menor tempo possível.

No entanto, é importante que se faça algumas perguntas: O biotipo entendido como sendo ideal é o mais saudável? O corpo que não expressa essa imagem está fora dos padrões ou é doente? Afinal, existe padrão ideal? Ausência de doença é saúde? Várias entidades oficiais que tratam desse assunto chegaram num consenso: “…saúde é um estado de bem-estar físico, mental e social, não apenas a ausência de doenças”. Quanto ao peso, é fato que os quilos extras podem ser um dos fatores desencadeantes de doenças como: diabetes, dislipidemias, complicações cardiovasculares, etc. No entanto, é verdade também que alguns quilos a mais não obrigatoriamente condenarão a quem os tenha, a desenvolver algum tipo de doença uma vez que cada pessoa tem sua resposta metabólica e genética frente à elas.

Já o corpo magro e/ou “definido” tem sido relacionado à saúde muito pela cultura da “boa forma”, criada pela indústria e pela publicidade que utilizam esses “corpos perfeitos” como um produto para vender suas marcas. Essa lógica faz com que se aproximem cada vez mais de um objeto de design e cada vez menos de um corpo real.     Assim sendo, pessoas que por algum motivo estão insatisfeitas consigo mesmas acabam recorrendo à dietas restritivas e pobres em nutrientes essenciais, cirurgias para reduzir peso, remodelar partes do corpo que não agradam ou alterar os efeitos do tempo. A busca constante por esse “ajuste”, muitas vezes procurando para si o que está estampado nas redes sociais, com muita frequência gera frustrações, minando a percepção de autoconfiança e auto-estima uma vez que são modelos praticamente inatingíveis. Além disso, esse contexto gera entre adolescentes e jovens, comportamentos disfuncionais em relação à alimentação, pois ao mesmo tempo que idolatra a magreza ou os músculos, estimula o consumo de alimentos hipercalóricos e processados.

À partir dessas reflexões é importante considerar e questionar: Até quando esses fatores externos serão a balança para medir o grau de satisfação com o corpo que se tem? Se você optar por remodelar ele é importante ponderar que o custo para “obter” uma imagem física supostamente perfeita pode ser bem alto. A dieta, o exercício físico, intervenções cirúrgicas, quando realizados com equilíbrio e acompanhamento profissional são saudáveis. No entanto, mais relevante do que o que se vê no espelho ou os números que a balança mostra é o balanço interno que você faz do que realmente tem peso para sua auto-estima e saúde. Valorize seus pontos positivos e se, comparações são significativas para você, então faça-as em relação às conquistas e progressos realizados na sua própria trajetória! Somos perfeitos nas nossas imperfeições! E que bom que é assim, até porque o fato de sermos diferentes uns dos outros é que nos dá identidade e nos torna únicos.